A crise do sistema multilateral e os novos negócios

O sistema multilateral, tal como vem sendo forjado desde a adoção do Sistema de Bretton Woods, hoje se apresenta sob forte ataque. Ainda que isso não signifique o fim das Organizações Internacionais de caráter multilateral, é de se esperar que elas continuem a perder relevância em termos de capacidade de promoção de agendas cooperativas. Elas continuarão a ser relevantes na manutenção de regras internacionais e na disponibilização de informações que permitam a antecipação mínima de comportamentos dos atores internacionais. No entanto, sua perda relativa de relevância política abrirá espaço para novas formas de atuação internacional.
Ao contrário do que se defende, ações como a guerra comercial empreendida pelo presidente norte-americano Donald Trump não levarão ao caos internacional. O próprio sistema se adaptará a movimentações mais bruscas e encontrará mecanismos de estabilização.
No curto prazo deve-se esperar que os movimentos e contra-movimentos sejam intensos e bruscos, mas isso não será suficiente para romper as estruturas mais profundas do sistema internacional. O grande problema que esta condição traz para o mundo corporativo é que há a necessidade de rápidas respostas.
A crise do sistema multilateral e os novos negócios – Parte 2
Barreiras comerciais (tarifárias e técnicas) surgirão e desaparecerão sem que haja tempo para um rearranjo da estrutura produtiva, sobretudo porque estarão respondendo a dinâmicas políticas.
As empresas não terão tempo para se organizarem de forma tradicional, seja buscando novos mercados, seja elaborando uma estratégia de relações governamentais tradicional, focada na alteração do quadro.
Em temos de instabilidade sistêmica, é mais importante que as empresas estejam prontas para anteciparem os acontecimentos e já diminuírem os impactos em suas operações. Neste sentido é que a análise de riscos se torna cada vez mais importante. Não se trata de responder à conjuntura, é necessário se antecipar a ela, diminuindo a exposição ao risco.
Viver o futuro no presente será a única forma de as empresas aproveitarem este momento do mundo para ganharem espaço, ao invés de sofrerem com o presente no futuro.